sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Julgamento de activistas na Turquia

Começou ontem o julgamento de mais de 30 activistas na cidade de Izmir, Turquia, previsto para terminar hoje. O procedimento está sendo acompanhado por uma delegação internacional de 40 pessoas, formada por integrantes da Confederação Sindical Internacional, diversas centrais sindicais europeias, a Marcha Mundial das Mulheres e a rede Advogados sem Fronteiras, além de centenas de militantes dos movimentos sindical, de mulheres e de direitos humanos na Turquia.

Os activistas foram detidos nos meses de Maio e Junho, sem acusação formal. O processo correu todo o tempo em sigilo; apenas recentemente os advogados tiveram acesso aos autos. No total, 22 pessoas estão presas (10 mulheres e 12 homens); as demais acusadas aguardam julgamento em liberdade. Entre as presas, quatro são activistas da Marcha Mundial das Mulheres (MMM): Elif Akgul, ex-secretária de mulheres do Sindicato dos Professores, Yuskel Mutlu, professora aposentada, integrante da Associação de Direitos Humanos e da Assembleia Turca pela Paz; Songul Morsumbul, secretária de Mulheres da KESK (Confederação dos Sindicatos dos Empregados Públicos da Turquia) e Gulcin Isbert, integrante do Egitim-Sen, sindicato de professores.

Miriam Nobre, coordenadora do Secretariado Internacional da MMM, que está em Izmir, informa que, nesta primeira sessão do julgamento, a promotoria apresentou como motivo da acusação a organização de uma central sindical, cujos integrantes teriam vínculo com integrantes do PKK (Partido dos Trabalhadores Curdos), considerado ilegal na Turquia. Porém, Miriam conta que a forma como o julgamento é conduzido aponta para a intenção de cercear actividades de organização sindical: “todas as evidências que a promotoria apresenta são listas de passageiros de vôos, informações de reuniões, emails, ligações telefónicas, acções que são do quotidiano da vida sindical”. Miriam também chama atenção para o facto de que, ao fazer a síntese dos argumentos da defesa, o juiz replicou que considera a mesma coisa realizar uma “acção” ou uma “acção ilegal”.

Logo no início, a defesa solicitou a suspensão do julgamento por desrespeitar todas as normas estabelecidas em nível europeu e informou que fará apelo junto à Corte Europeia de Direitos Humanos. Na quarta-feira, dia 18, a MMM na Europa organizou acções em frente às embaixadas e aos consulados da Turquia em todo o continente. Em Portugal, as manifestantes relataram que foram recebidas na embaixada por um contingente alto de policiais, com carros à prova de pedras e alguns até com metralhadoras. Uma comissão de quatro integrantes da MMM foi recebida pela segunda na hierarquia da embaixada que, pelo tom de sua fala, indicou que os acusados já têm sentença pré-definida.

A MMM pede a todas as suas militantes e movimentos aliados que mantenham a pressão sobre as representações diplomáticas e do governo da Turquia para exigir a libertação de todas e todos os detidos (que são funcionários públicos, com endereço fixo conhecido), além de um julgamento justo e imparcial e o fim da repressão aos movimentos de oposição.

Para ler a declaração e convocatória à acção da Coordenação Europeia da MMM e informações anteriores sobre o caso, clique aqui.

Para entrevistas em português - Miriam Nobre, coordenadora do Secretariado Internacional da Marcha Mundial das Mulheres (SI-MMM): +90 53-6511-9019

Contato do SI-MMM: +55 11 3032-3243

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