terça-feira, 28 de julho de 2009

Feministas Hondurenhas apelam a Obama

As Feministas em Resistência resistem! E lutam! Eis a carta* que enviaram ao Presidente dos EUA...

Carta Aberta ao Presidente dos Estados Unidos da América
Pela rápida resolução pacífica e democrática do conflito político nas Honduras

Excelentíssimo Sr. Presidente dos EUA, Barack Obama:

Nestes momentos, o nosso país, Honduras, encaminha-se para uma possível guerra civil. Aguardam-nos meses, talvez anos, de isolamento económico e diplomático. Chegámos a esta situação em consequência de um golpe de estado militar-civil que sequestrou e depôs o presidente democraticamente eleito por voto popular, como manda a lei. Quebraram-se assim 28 anos de democracia, uma das mais duradouras da região latinoamericana. Os efeitos desta violação dos princípios democráticos em que assenta a nossa nação irão sentir-se não só no nosso território e nos seus habitantes, mas também em toda a região e possivelmente no seu próprio país. Têm vindo a ser divulgados diversos documentos que evidenciam que representantes diplomáticos do seu país, grupos económicos e membros do Partido Republicano, bem como os serviços secretos do seu governo, não só tiveram conhecimento prévio do golpe militar-civil como também foram co-autores intelectuais do mesmo. Se assim for, os EUA e o seu governo seriam co-responsavéis da interrupção violenta da ordem constitucional nas Honduras e do derramamento de sangue que já começou.

Sr. Presidente Obama, Honduras esteve entre os países do mundo que recebeu com grande esperança a sua chegada à presidência. e o aprofundamento da democracia no seu país. Aplaudimos as suas declarações por umas novas relações com a região que acabariam com a arrogância e a tradição de ingerência nos nossos assuntos internos. Sinceramente acreditámos na sua palavra de apoiar o aprofundamento da democracia também nos nossos países. É por isso que nós, as feministas hondurenhas, recebemos com grande tristeza as notícias de um possível envolvimento das instituições que representam o seu governo nos acontecimentos que conduziram aos factos do 28 de Junho de 2009!

Assim mesmo, preocupa-nos a posição da sua Secretária de Estado, a Sra. Hillary Clinton, a respeito do conflito que se presenta no país ao reconhecer ao governo de facto como parte legítima nos processos de negociação com a mediação do Presidente Arias da Costa Rica e que, como vemos, até agora fracassaram pela intransigência do regime golpista. É para nós difícil imaginar que o governo dos EUA se sentaria a negociar com um grupo político que atentou com as armas contra o sistema democrático. Porque deve ser isto aceitável para as e os hondurenhos?

A fraca punição do seu governo ao golpe militar-civil nas Honduras, e a falta de uma decidida adesão às propostas da Organização das Nações Unidas e da Organização de Estados Americanos, e de outros governos democráticos do mundo, estão a conduzir o nosso país a uma situação de violência que nós não merecemos.

Somos um povo que resistiu permanentemente à violência, à pobreza e à falta de direitos cívicos. Porém, demonstrámos sempre a nossa decisão firme de construir uma sociedade democrática, na qual possamos viver em paz, sem pobreza e com justiça de género, raça e classe, como todas as mulheres e homens do planeta. As feministas hondurenhas desejam participar na construção do futuro do nosso país, com a solidariedade de todos os governos e pessoas de boa fé que partilham os nossos ideais e desejam pôr fim ao uso da violência como forma de resolução de conflitos tanto na vida pública como privada.

Assim, enquanto Presidente dos EUA, as feministas das Honduras solicitam-lhe:

1. Realizar uma investigação exaustiva do envolvimento das instituições e funcionários do governo dos EUA no golpe de Estado militar-civil nas Honduras.
2. Pôr fim à intromissão nos assuntos internos das Honduras.
3. Não outorgar ao governo de facto reconhecimento legal e político e adoptar medidas que contribuam para a restituição do Estado de direito, da ordem constitucional e a restituição do presidente eleito.

Feministas em Resistência
Tegucigalpa, 22 de Julho de 2009



FEMINISTAS EN RESISTÊNCIA, Centro de Estudos da Mulher - Honduras

Declaração Universal dos Direitos Humanos, 10 de Dezembro de 1948.

"Todo o indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança da sua pessoa." Artigo 3.

“Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que implica o direito de não ser inquietado pelas suas opiniões e o de procurar, receber e difundir, sem consideração de fronteiras, informações e ideias por qualquer meio de expressão.” Artigo 19.
* Carta traduzida por Luzia Teixeiro

segunda-feira, 27 de julho de 2009

28 de Julho | 19h | Lisboa | Praça do Rossio | nº 45

AMANHÃ, dia 28 de Julho é DIA DE CONCENTRAÇÃO CONTRA O GOLPE MILITAR NAS HONDURAS! Aparece e traz amigas/os contigo!

Muitas entidades estão envolvidas nesta grande acção de PROTESTO e SOLIDARIEDADE:

Acção Humanista Cooperação e Desenvolvimento
Abril
– Associação Regional para a Democracia e o Desenvolvimento
AJPaz – Acção para a Justiça e Paz
Associação de Amizade Portugal-Cuba
Associação para o Desenvolvimento Rural de Lafões
Associação Lusofonia, Cultura e Cidadania
Associação Seres
ATTAC Portugal

Casa do Brasil de Lisboa
CGTP – IN
Colectivo Mudar de Vida
Colectivo Mumia Abu-Jamal
Colectivo Política Operária
Colectivo Revista Rubra
Conselho Português para a Paz e Cooperação
Coordenadora Portuguesa da Marcha Mundial das Mulheres
Federação Nacional dos Sindicatos dos/as Trabalhadores/as da Função Pública
Fórum pela Paz e pelos Direitos Humanos
Frente Anti-Racista
Mó de Vida
– Cooperativa de Comércio Justo
Movimento Democrático de Mulheres
Não te prives – Grupo de Defesa dos Direitos Sexuais
Olho Vivo – Associação para a Defesa do Património, Ambiente e Direitos Humanos
Rede Portuguesa de Jovens para a Igualdade de Oportunidades entre Mulheres e Homens
Sindicato dos/as Trabalhadores/as da Agricultura e das Indústrias de Alimentação, Bebidas e Tabacos de Portugal
Sindicato dos/as Trabalhadores/as na Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Sul
Sindicatos dos/as Trabalhadores/as do Município de Lisboa
Solidariedade Imigrante
– Associação para a Defesa dos Direitos das/os Imigrantes
SOS Racismo
Tribunal do Iraque
– Audiência Portuguesa do Tribunal Mundial sobre o Iraque
UMAR – União de Mulheres Alternativa e Resposta
União dos Sindicatos de Lisboa


Pelo reestabelecimento da democracia, sem derramamento de sangue!
Pelo fim da repressão contra o povo das Honduras!
Pelo direito dos povos a decidirem o seu destino!

quinta-feira, 23 de julho de 2009

28 de Julho em Lisboa: mobilização contra o golpe militar nas Honduras! Não fiques INDIFERENTE! Junta-te a nós!

Às organizações da sociedade civil portuguesa
A toda a cidadania

Chamada à mobilização contra o golpe militar nas Honduras e em solidariedade com o povo deste país

As entidades abaixo referidas apelam à mobilização para um acto de protesto frente ao Consulado das Honduras em Lisboa (Praça do Rossio, Nº 45) à semelhança do que está a acontecer por todo o mundo. A concentração terá lugar no próximo dia 28 de Julho, terça-feira, pelas 19h, frente a esta representação diplomática. Gostaríamos de contar com o seu apoio e/ou o apoio da vossa organização para esta mobilização. A pressão internacional é fundamental para reverter esta situação! O que está a acontecer nas Honduras, além de constituir inaceitáveis violações dos direitos humanos e da soberania do povo, pode contribuir para marcar o futuro da região e quaisquer tentativas de construção de um outro mundo que reclamamos possível e urgente.

No passado dia 28 de Junho, as Forças Armadas das Honduras executaram um golpe de Estado contra o governo de Manuel Zelaya, o qual estava a preparar uma consulta popular para perguntar às/aos hondurenhas/os se concordariam ou não com a convocatória de uma Assembleia Nacional Constituinte, cujo objectivo central seria elaborar uma nova Constituição com plena participação de todos/as os/as actores/as sociais do país.

Poucos dias depois do golpe, liderado pelo então presidente do Congresso Nacional, Roberto Micheletti -descrito pelos movimentos sociais hondurenhos como um fantoche da oligarquia- foi decretado o Estado de Sítio, procedendo-se à militarização das instituições e das principais cidades do país, à restrição drástica das comunicações internacionais e à intervenção de diversos meios de comunicação que não apoiam os golpistas. A ditadura iniciou uma forte repressão sobre os movimentos sociais e populares, tendo já havido numerosas detenções e mortes que têm sido denunciadas por entidades de defesa dos direitos humanos.

O que está a acontecer nas Honduras não é um facto isolado, faz parte duma estratégia conservadora que conta com a conivência, entre outros, dos Estados Unidos para garantir a continuidade do neoliberalismo na Améria Latina, face aos avanços de vários povos deste continente na defesa da sua soberania e de sistemas sociais mais justos e igualitários. Também não é um facto novo, pois infelizmente faz lembrar as sinistras ditaduras do “encerro, desterro, enterro” instauradas contra povos que ousaram questionar a estruturação injusta das sociedades e das relações internacionais.

Para travar este brutal esmagamento da esperança do povo hondurenho, está a consolidar-se uma grande resistência, com importante participação das mulheres, apesar da forte vigilância e repressão do novo governo golpista. Diariamente, as manifestações populares sucedem-se por todo o país, tendo sido convocada uma greve geral e lançado um apelo à comunidade internacional para solidarizar-se com o povo das Honduras e mostrar com veemência o seu repúdio da ditadura e da brutal repressão iniciada desde o golpe militar.

O povo português não pode ficar indiferente perante estes factos!

APELAMOS À MOBILIZAÇÃO

Pelo reestabelecimento da democracia, sem derramamento de sangue!
Pelo fim da repressão contra o povo das Honduras!
Pelo direito dos povos a decidirem o seu destino!



Entidades Subscritoras

Associação para o Desenvolvimento Rural de Lafões
Abril – Associação Regional para a Democracia e o Desenvolvimento
Associação Seres
AJPaz – Acção para a Justiça e Paz
Casa do Brasil de Lisboa
CGTP - IN
Colectivo Mumia Abu-Jamal
Colectivo Revista Rubra
Conselho Português para a Paz e Cooperação
Coordenadora Portuguesa da Marcha Mundial das Mulheres
Não te prives – Grupo de Defesa dos Direitos Sexuais
Olho Vivo – Associação para a Defesa do Património, Ambiente e Direitos Humanos
Política Operária
Rede Portuguesa de Jovens para a Igualdade de Oportunidades entre Mulheres e Homens
Solidariedade Imigrante – Associação para a Defesa dos Direitos das/os Imigrantes
SOS Racismo
UMAR – União de Mulheres Alternativa e Resposta