terça-feira, 25 de maio de 2010

Mulheres Saharauis: um exemplo para o mundo


A luta e as conquistas destas mulheres são inspiradoras e energizantes! A sua presença em Lisboa encheu-nos de orgulho, força e coragem!

No passado dia 20 de Maio, Jadiyetu El Mohtar Sidahmed, da União Nacional das Mulheres Saharauis, esteve em Lisboa para dar a conhecer o papel destas mulheres na organização dos acampamentos de refugiad@s e na luta pela resistência e libertação nacional do povo Saharaui.

Participaram no encontro mais de uma vintena de pessoas, maioritariamente mulheres, de várias organizações da sociedade civil portuguesa, assim como diversas pessoas a título individual. Fez-se um repasso pela história do povo saharaui, a ocupação espanhola (que se estendeu por mais de um século, até 1975), a posterior ocupação marroquina e a dramática situação actual, com um povo dividido entre os campos de refugiados na Argélia, onde mais de 200 mil pessoas sobrevivem da ajuda humanitária, e os territórios ocupados, onde outra parte da população enfrenta terríveis repressões e violações contínuas de direitos humanos.

Reconhecido internacionalmente como a última colónia africana (embora sabemos que o colonialismo nem sempre acaba com a independência formal), o Sahara Ocidental espera, há décadas, que as Nações Unidas promovam a realização de um referendo sobre a autodeterminação, tal como foi estabelecido em 1988, num Plano de Paz acordado entre Marrocos, o Frente Polisário e a ONU. Em 1991, estabeleceu-se no Sahara a MINURSO (Missão das Nações Unidas para o Referendo do Sahara Ocidental), prevendo-se a realização do plebiscito para 1992, sem que, quase vinte anos mais tarde, este tenha vindo ainda a realizar-se. Nenhum país reconhece a legitimidade da ocupação de Marrocos. Pelo contrário, a União Africana e mais de 80 estados de todo o mundo reconhecem a República Árabe Democrática Saharaui como legítima e soberana.

Do encontro destacamos o emotivo testemunho do papel absolutamente protagonista das mulheres saharauis nesta luta: sem elas não teria sido possível elevar incrivelmente o nível educativo da população, fazer com que muit@s jovens pudessem ser recebidos noutros países para tirar cursos superiores, constituir um governo democrático saharaui no exílio, criar laços de solidariedade com organizações e pessoas do mundo todo... Vitórias obtidas quase sem meios, em condições extremas. Jadiyetu El Mohtar Sidahmed conseguiu transmitir-nos a sua força inspiradora... Para nós, que às vezes nos sentimos desmotivad@s pela pouca adesão e poucos “resultados imediatos” do nosso activismo nos movimentos sociais, foi verdadeiramente revigorante e energizante! Falou-se também da peculiaridade cultural e social do povo saharaui dentro do mundo árabe, principalmente no que diz respeito à situação da mulher. Com um discurso de género muito avançado, a União Nacional das Mulheres Saharauis sabe que estas conquistas deverão continuar também a ser defendidas uma vez que a independência seja alcançada.

A iniciativa teve o apoio da AJPaz - Acção para a Justiça e Paz, Associação de Amizade Portugal – Sahara Ocidental, Associação Lusofonia, Cultura e Cidadania, Associação Seres, Associação Solidariedade Imigrante, CIDAC, Engenho e Obra, GRAAL, Jornal Mudar de Vida, plataforma Marcha Mundial das Mulheres, SOS Racismo, Tribunal do Iraque, UMAR e UMAR – Açores.

Luzia Teixeiro, SOLIM- Solidariedade Imigrante, Marcha Mundial das Mulheres Portugal

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