Em 2010, uma vez mais, nós – militantes da Marcha Mundial das Mulheres dos cinco continentes – estaremos em marcha. Vamos marchar para demonstrar a nossa perseverança e a nossa força como mulheres colectivamente organizadas, com diferentes experiências, culturas políticas e origens étnicas, mas com uma identidade e objectivo comuns: o desejo de superar a injusta ordem actual que provoca violência e pobreza e construir o mundo que queremos, baseado na paz, na justiça, na igualdade, na liberdade e na solidariedade.
Vamos marchar em solidariedade com aquelas mulheres que não têm liberdade para o fazer devido à guerra ou aos conflitos armados; devido à divisão sexual do trabalho que mantém as mulheres prisioneiras nas suas próprias casas; devido aos sistemas capitalista e patriarcal que determinam que a esfera pública – as ruas, os locais de trabalho, os locais de aprendizagem, os espaços de lazer – está reservada aos homens; e devido à falta de tempo que as mulheres têm, por terem que fazer malabarismos para cumprir as tarefas que continuam a imputar-lhes como principais cuidadoras.
Vamos marchar para reclamar os nossos direitos. Vamos marchar para resistir àqueles que querem roubar-nos os direitos que já ganhámos na nossa luta contra a ofensiva dos fundamentalismos religiosos e dos sectores conservadores da sociedade e do Estado. Estaremos em marcha pelo mundo que queremos, onde a autonomia, a autodeterminação e a solidariedade sejam os pilares da organização das nossas sociedades.
Vamos marchar em luta contra a mercantilização das nossas vidas, sexualidade e corpos. Não somos objectos para ser comprados ou vendidos! Recusamo-nos a ser tratadas como pedaços de carne para o tráfico, para as indústrias pornográfica e publicitária! Não vamos aceitar violências nos nossos lares e locais de trabalho! Estaremos em marcha até que todas as mulheres vivam as suas vidas, livres de violência e de ameaça de violência.
Vamos marchar para denunciar o sistema capitalista, sexista, racista e homofóbico que explora o trabalho diário reprodutivo e produtivo das mulheres, ao mesmo tempo que concentra as riquezas nas mãos de uns poucos. Exigimos salário igual para trabalho igual, um salário mínimo justo, a reorganização e distribuição do trabalho de cuidados e a segurança social, sem qualquer tipo de discriminação. Estaremos em marcha até que todas as mulheres consigam autonomía económica.
Vamos marchar pelo fim imediato dos conflitos armados e pela utilização dos corpos das mulheres como despojos de guerra. Vamos marchar para mostrar os interesses económicos que se escondem por detrás dos conflitos – o controlo dos recursos naturais, o controlo dos povos, o lucro da indústria armamentista. Estaremos em marcha até que as mulheres sejam reconhecidas e valorizadas como protagonistas dos processos de paz e de reconstrução e manutenção activa da paz em seus próprios países.
Vamos marchar em luta contra a privatização dos recursos naturais e serviços públicos. Vamos marchar pela soberania alimentar e energética, contra a destruição e controlo dos nossos territórios e contra as falsas soluções face às alterações climáticas. Estaremos em marcha até que alcancemos o direito à saúde, à educação, à água potável, ao saneamento, à terra, à habitação e à autonomia sobre as nossas sementes tradicionais.
¡Junta-te à nossa acção!
A 3ª Acção Internacional da Marcha Mundial das Mujeres (MMM) organiza-se em torno de dois momentos principais:
- De 8 a 18 de Março, com marchas e mobilizações nacionais simultâneas de diferentes tipos, formas, cores e ritmos, marcando também o centenário da Declaração do Dia Internacional das Mulheres, instaurada pelas delegadas da 2ª Conferência Internacional de Mulheres Socialistas em Copenhaga em 1910;
- Marchas e acções simultâneas entre 7 e 17 de Outubro, com uma mobilização internacional no Kivu Sul na República Democrática do Congo (RDC) como forma de fortalecer o protagonismo das mulheres na resolução de conflitos.
Realizar-se-ão mobilizações, acções e actividades entre estes dois períodos-chave, em vários países e também a nível regional:
- Américas: 21 – 23 de Agosto, Colômbia
- Ásia e Oceânia: 12 – 14 de Maio, Filipinas
- Europa: 30 de Junho, Turquía
A acção internacional está aberta a todos os grupos de mulheres e a mulheres que queiram juntar-se a nós na luta pela construção do mundo que queremos, baseado nas alternativas das mulheres. ¡Vem e marcha connosco!
Se vives num país em que a MMM está organizada numa Coordenação Nacional (CN) (por favor vai à nossa página www.worldmarchofwomen.org ou contacta-nos em info@marchemondiale.org para obtures mais informações), o primeiro passo é entrares em contacto com as companheiras que participam e consultá-las sobre as actividades previstas para este ano. ¡O segundo passo é aderires!
Si vives num país onde não há uma CN, por favor, não deixes de organizar as tuas próprias mobilizações e actividades. Podem ser de formas criativas e diversas: marchas, manifestações, actos simbólicos, conferências, debates, lançamento de campanhas, distribuição de materiais escritos, apresentações culturais (música, dança, filmes, etc.), conferências e comunicados de imprensa, oficinas, fóruns, acções directas, vigílias, utilização de símbolos visuais (bandeiras, faixas, pancartas, marionetas, etc.), reuniões com autoridades, teatro, batucadas, encontros fronteiriços para apresentação das nossas reivindicações.
Também vos convidamos a visitar regularmente a secção sobre a Acção Internacional da nossa página para verem os textos, logos e outros materiais que possam ser usados para preparar a acção: http://www.marchemondiale.org/
E finalmente, não esqueças que no Secretariado Internacional estamos sempre dispostas a apoiar-te ou ao teu grupo, o melhor que nos for possível. Escreve-nos e diz-nos quais são os teus planos, quem faz parte do teu grupo e como podemos ajudar-te: info@marchemondiale.org
Sem comentários:
Enviar um comentário